PADRE ISRAEL

Missa celebrada por dom Vilson marcou a posse no novo pároco da Santa Teresinha

UM PADRE, UMA IGREJA

Revista com a história de padre Arlindo e da Paróquia Santa Teresinha já está à venda!

PARABÉNS, PADRE ARLINDO!

Sacerdote comemorou 77 anos em um jantar com familiares e paroquianos

JUBILEU DE OURO

Padre Arlindo celebra 50 anos de sacerdócio com tríduo e homenagens

COMUNIDADES E CAPELAS DA SANTA TERESINHA

Conheça as comunidades e capelas ligadas à Paróquia Santa Teresinha


domingo, 1 de abril de 2012

Domingo de Ramos

Domingo de Ramos
Mc 14,1 - 15,47

Iniciamos, neste domingo, o caminho Pascal de Jesus Cristo e com Jesus Cristo. Este é o significado da Procissão de Ramos, que abre a celebração Eucarística desse Domingo.

A finalidade ritual dessa procissão não está na lembrança histórica, mas é um rito que nos introduzir no caminho de Jesus e com ele entramos em nossa comunidade para viver com ele a sua Páscoa. É uma procissão, portanto, que convida a refazer o mesmo caminho percorrido por Jesus, mas, dessa vez, em nossa comunidade, em nossas ruas, em nossos bairros.

É um momento especial de olhar para nossa comunidade e nos perguntar se ainda acolhemos Jesus entre nós e, mais importante que isso, perceber que resultados, que mudanças acontecem entre nós por causa desse acolhimento, nós que durante toda a Quaresma nos dispusemos a ser aliados para que o projeto divino, o Reino, aconteça entre nós. Apesar da decisão sincera e do empenho coerente com o Evangelho, as vezes, temos a impressão que estamos sozinhos e que Deus está distante.

Estou falando do “silêncio de Deus”. Na terceira cena da narrativa da Paixão, depois da Ceia Pascal, o evangelista Marcos conta que Jesus foi para o Jardim do Getsemani com uma finalidade bem precisa: estava angustiado porque sua hora tinha chegado e precisava encontrar-se com Deus. Mas, naquele noite, quando Jesus mais precisava, Deus se fez silencioso.

Chega a pedir o afastamento daquele cálice; e Deus continua silencioso. Jesus vai procurar seus discípulos e os encontra dormindo, incapazes de partilhar o angustia sufocante e ansiosa de Jesus. Jesus sentia medo, pavor... em tudo se fez humano, por isso precisava de Deus, mas Deus se fez silencioso. Até mesmo seus discípulos silenciaram no sono.

No Batismo de Jesus, Deus falou declarando que ele era seu Filho amado; na transfiguração, ouviu-se novamente a voz do Pai. No Evangelho do Domingo passado, ouvimos Deus se manifestando... agora não. Deus se fez silencioso no Getsemani e não responde às orações de Jesus. 


O silêncio de Deus incomoda Jesus, a ponto dele sentir-se abandonado e reclamar: “meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Existe, contudo, um detalhe que chama atenção no drama vivido por Jesus.

Mesmo sofrendo, sentindo-se abandonado, Jesus continua rezando. Nem passa pela sua cabeça discutir se Deus é um Pai desnaturado, que deixa seu filho padecer e morrer. Ao contrário, o Evangelista Marcos faz questão de mencionar que Jesus continua rezando e — aqui tem um detalhe importante — Jesus chama Deus de “Abbà”, uma palavra aramaica, que se traduz por “papaizinho” ou “paizinho”. Era o modo como as crianças pequenas chamavam seus pais.

Não existe infantilismo na oração de Jesus, mas demonstração de confiança profunda de que o silêncio de Deus não significava distância, abandono, afastamento... mas era um modo diferente de ser presença. Existem momentos, nos quais Deus se manifesta de modo palpável, digamos assim, e existem momentos, nos quais Deus silencia, mas não se ausenta. 

É a intimidade com Deus e o poder da oração que mantém Jesus fiel até o fim, não desiste e nem volta atrás, mesmo esbofeteado, ridicularizado, rejeitado... se mantém fiel. A Semana Santa não é museu de tradições passadas, como parece se transformar ultimamente, incentivada pelo marketing do turismo que se diz “religioso”, com finalidade de lucro.

A Semana Santa tem outra finalidade: a de nos fazer entrar na estrada com Jesus, para que possamos chegar à ressurreição. Em nossos momentos de angustias, ansiedades, tristezas profundas, passamos pela experiência do silêncio de Deus.

Muitos irmãos e irmãs confundiram o silêncio de Deus com abandono e deixaram tudo, trocaram de Igreja, abandonaram a fé... foram embora. Não perceberam que silêncio de Deus não significa abandono, mas proximidade silenciosa.

Muitos se deixaram levar pelo discurso que é preciso “acordar” Deus de seu silêncio, como se ouve em pregações televisivas, e acabaram ouvindo-se a si mesmos, consolando-se com emoções de auto-ajuda.

Fugiram do Getsemani e perderam a oportunidade de passar pela experiência do silêncio de Deus que fortalece a fé e a certeza que Deus não nos deixa na Cruz, mas nos ressuscita, como aconteceu com Jesus.

Confira fotos da celebração, clicando aqui.